Outros espaços

Hoje, aqui, e aqui, é divulgada a notícia sobre a parceria entre a empresa de camionagem Luís Simões e a Alternative Media com vista à rentabilização dos imensos espaços disponibilizados nos atrelados dos camiões. Esta acção é de louvar, isto num país que padece (ainda) de uma crónica falta de audácia nas áreas da publicidade e do marketing. Até alguém colocar publicidade nas portas dos táxis, toda a gente pensaria certamente que ninguém ligaria; até alguém colocar publicidade nas casas de banho, toda a gente certamente pensaria que ninguém iria ali arriscar; até alguém colocar publicidade nas caixas de pizza, toda a gente certamente pensou que seria inútil, mas falta ainda chegar a muitos outros espaços. Pensem nas potencialidades dos túneis do metro, ou do comboio, papéis de embrulho em padarias, e mais, muito mais, mas sempre com uma consciência ambiental e social presente.

O Bê-á-bá

É uma das regras mais básicas da comunicação. É como se estivéssemos a ensinar a uma criança as primeiras letras do abecedário: “É essencial sabermos responder àqueles que comunicam connosco”. Quem nos envia um email, ou uma carta, merece sempre uma resposta personalizada e nunca uma missiva geral, igual a centenas de outras, a milhares de outras talvez. Seja num contexto B2B ou B2C, é basilar comunicarmos de forma empática, seja qual for a mensagem que queiramos transmitir. Mesmo que a nossa mensagem seja inócua, mesmo que aquilo que queremos dizer no fundo é um profundo e pesado “lamentamos, mas”. Mesmo que a empresa receba mil emails por dia, ou 5, ou três mil. Em determinadas situações mais vale não responder do que enviar um email geral. A impressão que fica é pior, bem pior, do que a desilusão de uma não-resposta.

Isto tudo vem a propósito do facto de que muitas e boas empresas em Portugal não sabem comunicar. Desconhecem alguns dos princípios mais básicos de bem criar mecanismos de empatia nos outros, e logo, e também, nos consumidores. Uma comunicação feita com empatia no dia de hoje é um capital positivo amanhã. Uma comunicação feita com indiferença e numerada de forma maquinal é um bom passo para uma má impressão na hora.

Lição nº1

Por vezes somos demasiado exigentes com o nosso país, estamos sempre à espera de melhor, sempre a fazer comparações com os outros, com o mundo, com a mítica Europa, com o que se faz lá fora de bom, e somos incapazes de reconhecer o nosso valor. Mas, a verdade é que entretanto, e ao longo dos últimos dez ou quinze anos fomos aprendendo, aos poucos, a dar-nos valor, uma tradição que entretanto se tinha perdido, por culpa de vícios políticos, confusões ideológicas e golpes de teatro. Porventura precisamos de estar ainda mais cientes do nosso orgulho em nós mesmos para sabermos ter mais confiança, e com isso apostarmos em força numa mais valia: o futuro. Serve esta pequena introdução para falar de uma singela lição: a visão a longo prazo.

A Comunitat Valenciana, comunidade autónoma espanhola, através do seu departamento de turismo, achou por bem (e repetindo uma experiência de anos anteriores) pagar viagens e todas as despesas associadas (incluindo hotel, refeições, actividades ao ar livre e muito mais) a um conjunto de bloggers oriundos de todo o mundo. O motivo é o Festival Internacional de Benicássim (FiberFIB), mas já foi também em anos anteriores, o Grande Prémio de Fórmula 1, por exemplo. A isto chama-se visão a longo prazo.

Será impossível fazer um exercício estatístico fiável sobre o número de pessoas a quem os bloggers vão falar sobre a sua fantástica experiência em terras espanholas, com tudo pago. Será ainda mais difícil encontrar nos números de turistas que visitam a região uma correspondência exacta como visitantes “conquistados” por um blog. Mas, será ainda mais improvável contestar o valor futuro desta acção a longo prazo, e dos dividendos maiores que acções como esta oferecem a Valencia, e a Espanha. Uma lição portanto.

Evolução

Em mais uma sessão de vamos bater mais uma vez no “ceguinho” (leia-se no mercado português) achámos por bem tecer alguns comentários sobre o primeiro título que pode encontrar-se neste link: http://www.meiosepublicidade.pt/2010/07/09/jose-manuel-costa-metricas-no-online-e-o-pos-mundial/

Após uma dedicada, silenciosa e decerto muito proveitosa sessão de meditação, os operadores do mercado nacional acharam por bem fazer uma ponderação sobre a importância da medição da pageview ou do visitante único nos sites nacionais, com vista à melhor “informação” das agências, e do mercado, de uma forma geral. A questão das pageviews (tal como todos já sabem, ou deviam saber) nem sequer se coloca já na maioria dos mercados lá fora, isto porque há muito e bom programita que me arranja umas valentes 50 mil em pouco menos de cinco minutos. As medidas incidem sobre o que, de facto, o mercado, e toda a web, mais utilizam, logo, o que de facto mais interessa medir… como o tempo de permanência on site, o número de widgets disseminados em sites exteriores, ou a capacidade de gerar tráfego a partir de links exteriores, ou os ainda esotéricos exercícios de medição de referências em redes sociais, enfim, um sem número de itens de algo tido como ciência oculta por cá, e que pouco ou nada significam, pelos vistos.

Valor

Numa época em que o valor do dinheiro é cada vez maior (dada a sua escassez), o nosso país continua a trilhar um caminho singular. Os percursos mais fáceis, como o inbound marketing, com custos mais baixos, e com uma eficácia maior, continuam a estar fora do mapa de um número exagerado de grandes empresas, o que é um pouco assustador. Bem sabemos que o poder de compra maior ainda vai estando numa geração mais ou menos desfasada com os instrumentos do inbound, mas este plano vai alterar-se. [E esta urgência do contacto dedicado com o consumidor tem um grau de necessidade muito além da histeria teórica e departamental em torno das redes sociais.] Muitos continuam a acreditar que apanhar o comboio depois é fácil, é possível que seja verdade, mas as passagens de nível que entretanto passaram, e o dinheiro que entretanto lá ficou é irrecuperável. As marcas grandes (a maioria) continuam a não saber lidar com os consumidores de forma directa, e as plataformas de contacto directo (blogs, Facebook) têm-se revelado autênticas armadilhas.  Por entre as sucessivas falhas de estabelecimento de diálogo (são tantos os casos que não vale a pena enumerar, basta pesquisar um bocado) as palavras vão passando sobre uma postura inadaptada, pouco ágil, e muito pouco versátil perante um mundo inteiro que quer apenas comunicar para além dos balcões, e que tem nas mãos as possibilidades de vontade de justiça e de comunicação que, até agora, as burocráticas folhas de reclamação não davam.

Os caminhos do esquecimento

 

Roy Lichtenstein, “Forget It! Forget Me!”

http://www.meiosepublicidade.pt/2010/06/15/espanha-73-acreditam-que-a-perda-de-clientes-esta-ligada-ao-marketing/

A notícia em cima é mais ou menos assustadora. Não tanto pela percentagem de pessoas que partilham a mesma opinião, mas mais pelo facto de que, se assim é, isso apenas significa que os departamentos de marketing da maioria das empresas está acomodado, presumimos que de forma quase catatónica, em cima de relatórios de resultados adocicados, formatos e expedientes de apresentação de mensagem débeis e datados, e uma imensa incapacidade de arriscar. O caminho é só um se não houver inversão de marcha: o esquecimento.

Era uma vez na feira

 

Quem foi a mais uma edição do Rock in Rio decerto deve ter ficado maravilhado com a quantidade de espaços promocionais, toneladas de merchandising, banquinhas de ocasião, desfiles temáticos, ofertas descabidas, acções repetitivas, e mais, muito mais de dezenas de marcas! É verdade que, eventualmente, poderemos estar a falar de uns segundos de atenção de uns valentes milhares de pessoas, e de mais uns potenciais milhões mesmo se se surgir num ângulo manhoso durante uma reportagem do concerto da Mariza… mas, ainda assim, é muita esperança vã, e um bocadinho de planificação dietética a nível mental aquela que pode ver projecções exponenciais de resultados por culpa da exposição num espaço em que estão mais  50 marcas, quase todas amontoadas.

Por um pilar no futuro

O tema deste post é recorrente na agenda de todos aqueles que desejam e procuram encontrar um melhor futuro para as gerações vindouras. Essa vontade de suplantar o presente passa, na sua essência, por ter bases sólidas e por conseguir, sempre que possível, passar ao lado das alterações de estado de espírito da ganância dos homens e dos mercados. Falamos da ligação entre as universidades e as empresas, parte fulcral do desenvolvimento humano. Este tipo de ligação deverá ir muito além dos protocolos de criação de estágios para recém-licenciados e de demonstrações de boa vontade institucional apregoadas em placas ou em patrocínios de acções esporádicas. O nosso futuro depende antes de uma presença contínua das empresas nas universidades, e de um investimento regular nessa sinergia. O êxito do amanhã está ligado à criação de laboratórios de estudo e de investigação que encontrem respostas fáceis e eficientes, com vista a aplicações experimentais no mercado, ou a outros expedientes pragmáticos, realizados com assumido risco por parte das empresas. Este tipo de colaborações encontrará, é certo, probabilidades de sucesso maiores  do que aquelas que são descobertas pelas empresas, mesmo que para isso contratem os melhores cérebros que as universidades oferecem; isto porque como é óbvio para todos, a base experimental do mundo universitário tem vagas de risco maiores que as do mundo empresarial, dadas as implacáveis limitações  por parte das empresas sujeitas às restrições impostas pelas cadeias de valor dos mercados.

Tudo verde

Em antecipação a um conceito que vai começar a fazer furor em força, e de facto,  mais ano menos ano, os CTT apresentam uma inteira dedicação à causa verde na sua última campanha. A adopção da premissa de vivência sustentável no planeta, do desenvolvimento equilibrado e em simbiose perfeita com o meio vai ser pressuposto fundamental para o sucesso efectivo de qualquer organização nos próximos anos. Este conceito, esta percepção, vai muito além de mostrar serviço na reciclagem de materiais, ou na utilização de materiais biodegradáveis, e traduz-se na optimização e produção de autênticas cadeias de valor de protecção do ambiente, de recompensas conscientes pelo papel activo dos membros da organização e de meios para garantir a credibilização dessa missão verde (e da sua instituição como processo natural além do lucro) junto de todos que com esta interagem.

Mais à frente

 

 

A presença nas redes sociais, com especial destaque para o Facebook (importa lembrar que ainda no ano transacto, em Portugal o hoje “marginalizado” Hi5 era rei e senhor e que o Orkut reina ainda no Brasil) é hoje parte fundamental na estratégia comunicacional de muitas empresas. Hoje é estranho fazer uma pesquisa e verificar que a empresa, ou o produto que queremos fazer um “like” não têm uma página na rede, seja oficial, ou seja de fãs e adoptada pela empresa (como a Coca-Cola por exemplo). Ao mesmo tempo são já vários os casos que permitem estudar as dinâmicas de funcionamento em rede, através da verificação de resposta das grandes empresas a gaffes, ou posições menos felizes assumidas no mundo digital (os casos da Nestlé e da Boeing são os mais reconhecidos), mas igualmente através de um entendimento (ainda que fugaz) do que todas essas circunstâncias promovem em termos de resultados efectivos. E esse carácter pouco substancial é consumido de forma primitiva pela máxima: mais vale estar do que não estar – mesmo que seja uma mera presença institucional para que as pessoas possam ver a marca ou interagir com ela, mesmo de forma primária.

É importante agora assinalar que, no futuro, a geo-localização e o feedback de facto da presença institucional ou em actividade comunicacional e de marketing de facto afiguram-se como os instrumentos mais valiosos para as marcas. E esta máxima tanto se aplica a marcas que vendem produtos de consumo, como a outras, que vendam serviços ou outro género de bens. Saber o que os utilizadores querem, e onde é que o querem, no mais curto espaço de tempo possível, vão ser as três variáveis de informação presentes (agora em tempo real e não com o habitual delay de relatórios semestrais).